Existem diversos filmes que podem estimular a educação socioemocional, conforme interpretação, maturidade dos estudantes e intencionalidade do(a) Educador(a). “Cada um na sua casa” é um deles.
Esta animação de 2015, foi escrita por Tom J. Asle e Matt Ember, a partir do livro de Adam Rex. É um filme com base numa resolução de conflito, mais especificamente sobre a conexão entre Oh (um Boov banido) e uma humana (Tip), que constroem uma amizade improvável. O que começa como um encontro pelo acaso e necessidade, une os protagonistas em um objetivo comum: achar Lucy, a mãe de Tip.
Quando os Boovs (tipo de alienígena) invadem a Terra fugindo dos Groks (outros alienígenas), realocam humanos para a cidade de Smecklandia (que seria na Oceania), exceto Tip, uma garota determinada. Inicialmente, Oh, como os demais Boovs, preconcebe que os humanos são simples e com pouca inteligência. Assim, supõem que eles sejam gratos por seus colonos mais evoluídos e benfeitores, que oportunizariam tecnologias e ensinamentos superiores. Parece familiar não? E uma boa opção para discutir colonização e empatia.
Como diz Oh, os Boovs tem muito conhecimento, mas não aprenderam a se importar com os outros. Não como um ser humano. Este é um contexto oportuno trabalhar empatia em sala de aula, como por exemplo, numa roda de conversa após a exibição do filme (ou leitura do livro) a partir de perguntas geradoras, tal qual: Como desenvolver empatia? Para que ela serve?
No filme, Oh revê seus (pre)conceitos sobre humanos, compreendendo a perspectiva de Tip. Ali se estabelece uma relação de confiança, escuta ativa e o exercício de “ver pelos olhos do outro”. Em sala de aula, isso pode ser relacionado a uma atividade de confiança e escuta empática – por exemplo, com a dinâmica do cego e o guia, em que estudantes caminham em duplas, um na condução e outro, vendado, compartilha como foi o dia, quando confiou em alguém e quando mudou de opinião, entendendo outra pessoa.
Além de trabalhar a empatia, o filme também pode estimular práticas de autoexpressão e ampliar o repertório de emoções, ou ainda, o reconhecimento de expressões faciais. Os Boovs mudam de cor, conforme suas emoções. Com isso, os estudantes podem reconhecê-las, nomeá-las, fazer um diário em que pintam a emoção do dia ou até comparar a expressão de emoção de Oh (por cor) e Tip (feições).
Algumas cenas mencionam estratégias dos personagens para regulação emocional, como o tapete anti-stress (plástico bolha) que Capitão Smeck rola quando está nervoso, ou o hábito de contar/ouvir piadas que Tip diz que a mãe fazia para acalmá-la. Neste contexto, o/a Educador(a) pode exercitar meditação com a turma, explicando seu benefício para regulação emocional; ou ainda, como no filme, testar o efeito de diferentes músicas, questionando o que pensam e o que sentem ao ouví-las (mais agitadas, alegres, calmas, melancólicas...)
Enfim, são muitas oportunidades de relacionar o conteúdo do filme com a educação socioemocional, especialmente a exemplo da cooperação desenvolvida na relação de Tip e Oh, que proporcionou o autoconhecimento de ambos, ao ponto de Oh parar de fugir, reconhecer/assumir as consequências de seus atos e aprender a autonomia de ter coragem de ser quem é, o que faz dele amigo de todos, como sempre sonhou e líder dos Boovs, como fez por merecer.
Em suma, “Cada um na sua casa” é um filme sobre conexão, empatia, tomada de decisão responsável, cooperação, regulação emocional, autonomia e autoconhecimento.
Kommentare